domingo, 8 de dezembro de 2013

Mãe




Mãe, estamos a caminho

Procuramos o Senhor, Deus Pai, teu filho Jesus, o Espírito de amor.

Procuramos a terra prometida de leite e mel, de fraternidade

Procuramos a paz, a felicidade,

Queremos viver a vida, dom de Deus, à luz da tua vida.

Mas o caminho é longo e difícil

Exige desprendimento e doação,

Amor sem tempo, sem condição, sem recompensa.

Apetece, por vezes, desistir,

Mudar de rumo, agarrar os próprios sonhos e seguir

de volta para mim, para o cantinho confortável que fui criando para mim, só para mim.

Olho para o lado, não estou só.

Somos muitos os que caminhamos, os que fazemos estrada

Assim, lado a lado com os amigos, irmãos.

Nós, o teu amor, o desejo de caminhar, mais nada.

E claro, aquele que é a Luz, o teu filho Jesus, no coração.
Olinda Ribeiro

quinta-feira, 21 de novembro de 2013


Natal de novo
Novo Natal
















Foi Natal
Os galos foram os sinos
Os anjos são os meninos, no segredo da cabana, acabados de nascer.
Foi Natal
Nas mãos limpas, abertas para acolher,
No missionário, escorrendo suor,
que escolheu viver cada dia, em cada hora
O evangelho do Amor.
Foi Natal
No brilho do olhar, no coração da avó que recebeu em casa, e na sua vida, o seu Senhor.
Foi Natal nas ruas de pó e pedra, onde os sorrisos correm descalços
em buganvílias a florir
no silêncio do caminho.
Foi Natal
No hábito do capuchinho,
do jovem que se fez pescador.
Na menina que se fez Irmã, sol, carinho, amor.
Foi Natal
E as vestes brancas dos anjos morenos
encheram de alegria e cor e paz e bem
a igreja que hoje foi nova Belém
Foi Natal
Na aldeia que amanhece louvando o Senhor,
No pão partido para quem vier, de longe, de perto, seja quem for.
Foi Natal
Sem gorros vermelhos, nem montras iluminadas
Sem bolas de espelho, brilhantes, guardadas
gastando brilho e cor no tempo que passa.
Foi Natal à luz de velas e estrelas cintilantes na imensidão do céu que a cada noite nos abraça
Foi Natal no mar que canta nas casuarinas junto à ribeira,
Na oração chorada, na roda de irmãos,
 à sombra fresca da mangueira.
Foi Natal
Os sinos tocaram, os anjos cantaram, as crianças riram e eu não ouvi.
Enquanto enfeitei o meu pinheiro e contei o dinheiro que gastei nas prendas que dei ou recebi
Foi Natal lá fora, e eu não vi.

21/11/2013

Olinda Ribeiro

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Segue-me!














Na margem do lago esperas por mim e eu não te vejo.
É noite, as minhas redes estão vazias.
Que posso eu sem ti? Que espero ver sem a tua luz, tu que és a luz do mundo?
E tu, Senhor Jesus, paciente, acreditas em mim, esperas.
De tal modo me amas que queres precisar de mim para a tua obra salvadora.
«Lança as tuas redes». Eu te darei o pão da vida. Eu serei teu alimento.
Tu que deste a tua vida para que eu tivesse Vida
Esperas-me na margem do lago, sorris, estendes-me a tua mão,
Em mim confias para chamar a ti os irmãos que andam perdidos na noite da vida.
Amas-me?
Tu sabes Senhor que te amo.
Não como me amas a mim, pois só a tua capacidade infinita de amar poderia voltar os olhos para a minha pequenez.
Só tu para amares aquele que tantas vezes te negou conhecer. Só tu, Senhor, para acreditares na minha fragilidade, só tu para semeares em solo tão pobre.
Amas-me?
Tu sabes Senhor que te amo.
Segue-me!
Aqui me tens Senhor: pobre, frágil, mas sonhado à tua imagem. Toma nas tuas mãos os dons que me deste. Quero deixar na margem tudo o que me pesa e me impede de navegar.
Partirei hoje mesmo levando na minha barca a Tua Palavra, alimento da minha vida. O coração livre para acolher os que Te procuram. A Tua Luz para iluminar o caminho dos que andam perdidos.
Partirei feliz porque, soprando as velas estará comigo a força do Teu Espírito.  
Olinda Ribeiro

terça-feira, 26 de março de 2013

Só morrendo contigo


Só morrendo contigo

Poderemos ressuscitar contigo!


 



Mais uma vez me dizes
Que me amas
E que me achas capaz de recomeçar
Por muitas quedas e erros…
Dizes-me para deixar o desalento e ressuscitar contigo!
Digo-te “Não sou digno”
E tu abraças-me e colocas-me o anel do filho pródigo…
Dizes-me: «Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que eu hei-de aliviar-vos» (Mateus 11,28).
E tomas sobre ti o que é pesado para mim…
E assim revelas que preferes o amor à dor
E que amar-te é responder-te…
Quero entregar-te, Senhor, a minha fragilidade
Esta fragilidade atrás da qual me escondo,
Como se Tu não fosses a minha força.
Como gostaria Senhor de partir para a terra que me indicas,
Como gostaria de semear todo o meu trigo
Semear, abrindo generosamente a mão,
Sem temer a incerteza do tempo.
Liberta-me Senhor do medo…
Porque a tua graça é luz
Que rompe todas as noites
É ponte que vence “os vales tenebrosos”.
Quero viver a alegria,
Ainda que o dia tenha horas cinzentas,
Quero acreditar em mim, sem ficar preso à humilhação de alguns fracassos;
Quero retomar o caminho,
Após a confusão de cruzamentos e de atalhos.
Quero afirmar a certeza da tua presença Senhor!
Eu sei que sou, por Ti
Contínua e gratuitamente amado…
Amado por Ti mesmo antes dos meus dias terem começado,
Amado por Ti nas horas de oração,
E amado por Ti quando penso que os meus gritos não são ouvidos.
Amado por Ti sem intervalos.
Gratuitamente. Totalmente.
Amado por Ti!
Neste prego que seguro nas mãos
Estão, Pai, todas as dúvidas, medos, fracassos,
Todas as minhas quedas…
Tudo aquilo que me prende à cruz e me impede de sair do sepulcro,
tudo o que me definha e anula.
Neste prego estão as tantas vezes
Em que rejeitei o amor e gastei as horas em actos inúteis e infrutíferos.
Tu apelas “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”
E com o teu perdão nos transformas, nos dás a libertação
E uma vida nova…
Só Tu Pai, com as minhas cicatrizes,
Consegues fazer de mim um homem novo
Teu Filho, Teu irmão, Teu discípulo, Teu servo…
E me dás a honra de me apoiar em Ti,
Tu que és o meu tudo!
Joana Ribeiro

sexta-feira, 1 de março de 2013

A sarça arde. Onde estou?
















Ando cego pelo mundo.
E tu, Senhor, estás em toda a parte por onde vou.
O teu povo sofre
Tem fome de paz, de liberdade, de justiça, de pão.
Nos sonhos de ter, casas, carros, fama, poder…
Vai deixando na margem do caminho
Caído, sofrendo, Teu filho Jesus, esquecido.
Vivemos a mentira, o desespero, a opressão.
Guerras por coisas banais.
O culto do EU e do MEU
O ser mais forte, mais elegante, mais, sempre mais…
É este o Horeb onde estou. A sarça arde, o sol brilha
E eu cego, não vejo os teus sinais.
Mas Tu Senhor, conheces o meu sofrimento, ouves os gritos do Teu povo e dizes o meu nome: Vem a mim e eu te enviarei.
No mundo semearás gestos de paz, de caridade e amor.
Porque Eu, o Senhor, te conduzirei por verdes prados
te darei terra boa onde corre leite e mel.
Que dizer-Te Senhor?
Não sou digno de ti, eu nada sei
Mas tu me chamaste e eu aqui estou
Podes enviar-me
E eu serei….
O que quiseres.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Cinzas














Hoje é tempo de parar
É tempo de descobrir em mim a condição de ser pó.
 Pó… humilde, frágil …
Facilmente levado pelo vento.
Pó…
Hoje é tempo de sentir que posso ser tão só
Barro, promissor
Nas mãos do oleiro
E por isso ansiar.
É tempo de me deixar moldar pelo Amor e a Ele me entregar por inteiro.
É tempo de morrer nas cinzas para ressuscitar da cruz.
Hoje é tempo de parar,
É tempo de deixar para trás o que me prende ao chão
É tempo de renascer, de deixar brilhar a Tua luz
Que enche o meu coração.
É tempo de me deixar levar como pó ao sabor do vento
Confiar,
Esperar,
Amar.
Olinda Ribeiro

domingo, 13 de janeiro de 2013

Cantarei ao Senhor - Sl 104 (103)



«Cantarei ao Senhor, enquanto viver
Louvarei o meu Deus enquanto existir
Bendiz a minha alma, o Senhor       
Nele encontro a minha alegria» Sl 104(103)

Como são grandes as tuas obras, SENHOR
Dia e noite, meu coração te há-de louvar
Tu nos criaste por teu grande amor
E sobre as águas vieste morar.

Como és grande meu Pai e meu Deus
Maravilhosa é a tua Criação
Frutos, animais e flores são filhos teus
A todos alimentas por Tua mão

Caminhas grandioso nas asas do vento
E ofereces à noite o luar
Inundas de luz e cor o firmamento
E dás aos dias o sol a cintilar

De tuas bênçãos cobriste a irmã terra
E do seu ventre fizeste germinar
Toda a vida que por amor encerra
Para ser, SENHOR, o teu altar

Toda a criatura cante o meu SENHOR
Animais da terra ou que habitem nos mares
Ergam aos céus hinos de louvor
Dancem de alegria as aves pelos ares

Para todo o sempre dêmos glória ao SENHOR          
A Ele que fez a terra e os Céus 
Com toda a Criação louvemos o Criador
Que é nosso pai, nosso irmão e nosso Deus.
Olinda Ribeiro

Uma história para crianças (ou não)




Era uma vez um Rei muito rico e poderoso que podia fazer tudo o que quisesse. Tudo o que desejava tornava-se realidade.
Um dia este Rei decidiu que iria começar um reino desde o início. Queria escolher as terras e os rios que as haviam de regar, as pessoas que nele habitariam, uma a uma desenhadas e escolhidas por si.
Começou por criar os dias e as noites, os rios e os mares, as terras e as plantas, todos os animais da terra, os peixes e as aves. Grandes e pequenos, de todas as formas e cores. Todos criados pela mão e o coração do seu Rei. No dia em que criou as crianças o Rei não cabia em si de contente. Vê-las a rir e a brincar era tão maravilhoso que não resistiu a disfarçar-se de criança e correr descalço com elas chapinhando na lama, jogar às escondidas e rir-se até lhe doerem as bochechas. O rei gostou tanto de brincar com as crianças que há quem diga que se estivermos atentos conseguimos descobri-lo muitas vezes disfarçado numa delas. Era tão bom brincar que quase chegou a desejar que a noite nunca chegasse. Mas… e as estrelas? Que seria do brilho das estrelas, a quem serviria a luz prateada do luar se não houvesse a noite? Então o rei semeou estrelas no céu para iluminar os sonhos dos meninos e os caminhos dos homens.
Neste reino, criado com amor, tudo era perfeito, tudo era de todos, todos cuidavam uns dos outros e o rei sentia-se muito feliz.
Mas um dia um dos homens decidiu que todas as terras até onde a sua vista chegasse haviam de ser suas, pois achava-se mais forte e melhor do que todos os outros. Então construiu muros altos à volta das suas terras e lé viveu e morreu sem que mais ninguém o visse. Pouco depois outros homens seguiram-lhe o exemplo e em pouco tempo havia tantos muros que as flores deixaram de receber o sol e começaram a murchar, os pássaros não conseguiam voar por cima dos altos muros e deixaram de cantar.
As terras sem dono eram já tão poucas que os homens lutavam entre si para as conquistar. Já não se ouviam os risos das crianças nem as canções de embalar nas vozes das mães que ajudavam os sonhos a chegar.
O Rei ficou triste e chorou. Chegou a pensar em desistir deste reino e começar tudo de novo noutro lugar, mas lembrou-se da alegria das crianças e tomou uma decisão:
- «Vou até junto dos homens. Irei dizer-lhes para destruírem os muros, para darem as mãos uns aos outros, para repartirem entre todos, tudo o que lhes dei, para aprenderem a viver como as crianças.»
E o rei correu todo o reino a falar, enviou mensageiros em todos os tempos, a todos os lugares, mas os homens não o ouviram. Então pensou:
- «Talvez não tenham percebido bem as palavras que lhes disse ou talvez não saibam como fazer para voltarem a viver no reino como o criei. Vou mostrar-lhes como fazer».
Então o rei tornou-se um deles e viveu amando tudo e todos, ensinando a perdoar, e gastando a sua vida no serviço aos outros. Esta forma de vida foi cativando muitas pessoas que o seguiam para o ouvir. Sabem, acho que algumas crianças o reconheciam porque muitas corriam para ele assim que o sentiam ao longe. Eram tantas que um dia os que o seguiam não queriam que elas se aproximassem do rei e empurravam-nas, mas Ele disse-lhes: Deixai-as vir até mim, pois é delas o meu reino. Quem não for como elas não poderá entrar no meu reino.
Os homens não percebiam muito bem o que ele dizia. E alguns chegavam mesmo a zangar-se com ele. Outros reconheceram nele o rei e exultavam por pensarem que veio para destruir os mais poderosos e sentar-se em todos os tronos que os homens tinham criado.
O Rei ficava triste e chorava porque os homens não entendiam que só era preciso aprender com as crianças e tudo seria perfeito de novo.
Um dia, alguns homens muito maus, com medo que este rei os viesse destronar, foram ao seu encontro e mataram-no, como de um ladrão ou um malfeitor se tratasse. Mas este rei, com um amor infinito pela obra da Criação, triunfou sobre a morte e ofereceu a todos os seus súbditos uma vida nova de luz e de paz. Sentou-se de novo no trono, junto do pai, mas sempre que o dia nasce ou a noite cai, se estivermos atentos havemos de encontrá-lo na mãe que embala o berço, na brisa que acaricia, no profeta que o anuncia, na criança que se deixa conduzir, no pobre que sorri, na luz, no caminho….
Os homens estragaram, sujaram, ergueram muros, fizeram guerras, mas este é um reino tão querido pelo seu rei que não desiste dele e todos os dias o percorre de uma ponta a outra à procura de quem o queira ajudar a restaurar o reino perfeito que sonhou e criou para o seu povo.
Se um dia vires alguém sorrindo de braços abertos para acolher uma criança, é ele, o Rei que te quer acolher no seu reino. Faz-te criança, dá-lhe o teu coração e viverás feliz para sempre.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Como o 4º Rei

Meu rei, venho de um tempo e de um espaço em que a tua luz era apenas um pequenina chama reluzindo ao longe. Mas logo que te vi, comecei a caminhar. Ver a tua luz tornou-se a razão da minha vida. Encontrar-te - a orientação dos meus passos.
Foi longo o caminho. Por vezes deixei de te ver, senti-me perdido. Por vezes quase desisti de te procurar. Nesses momentos enviaste alguém para me recordar porque vivo, por quem vivo, para quem vivo. Quis trazer-te o melhor dos tesouros, meu rei, meu Senhor. Quis encontrar o melhor perfume para ungir os teus pés, as melhores sedas para te vestir, um berço de ouro para ti, Deus menino.
Pobre de mim que aqui me encontro e nada tenho, pois todos os tesouros que tinha fui-os repartindo ao longo do caminho com a criança faminta, com o irmão sem abrigo, sem emprego, com o meu irmão, com a minha irmã que precisavam de mim. E eram tantos… Sabes, menino, de cada vez que o fiz a tua luz brilhava mais forte e foi mais fácil caminhar.

Meu Menino, meu Senhor e meu rei, permite-me contemplar agora a tua luz e deixar-me invadir totalmente por ela. Prostrado a teus pés, em adoração, aqui estou. Com tudo o que sou, com os tesouros que me ficaram da caminhada. Recebe-os e recebe-me meu Senhor. Faremos juntos, o caminho de volta: o caminho dos pobres, dos mansos, dos humildes, dos felizes.
Olinda Ribeiro

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Virão e verão


Virão os que fizeram caminho,
Sem medo, seguindo estrelas.
Trarão ouro, mirra e incenso.
Das coisas do mundo, escolherão as mais belas
Para quem é rei, homem e Deus
Para quem rasgou todos os véus
E pôs o rosto de Deus no rosto de uma criança,
Ela mesma aliança da criatura e do Criador.
Virão e trarão o que têm de melhor
Para aquele que tudo tendo, se deu a nós por amor.
Virão e verão
No menino de Belém,
Sorrindo, nas palhas nascendo,
Descido dos céus, o Salvador.
Olinda Ribeiro